30.8.07


Tantas pontas soltas e ausência de finais decentes em produções da equipa Xenomania para as Girls Aloud só poderão querer picar o ouvinte e provocar estados de insaciabilidade, obrigando-o a voltar atrás para tentar compreender o que raio acabou de lhe passar pelos ouvidos.

"Sexy! No No No..." serve-se do velho truque Xenomania de criar mini-orgias entre diferentes canções e de encaixá-las numa só. Mas se dantes usavam retalhos de canções potenciais, agora vasculham o catálogo das Girls Aloud à procura de auto-inspiração onanista, algo que já acontecera em "Something Kinda Oooh". Aqui recuperam o monstro sónico de "Wake Me Up" (e respectiva ultra-compressão sonora), o bom uso de uma introdução de "Wild Horses", alguns trilhos instrumentais de "Long Hot Summer", a toxicidade e decadência de "Swinging London Town" e as contusões e a g-g-gaguez simulada de "Graffitti My Soul" e "Money".

O segmento que introduz o tema chega numa máquina do tempo e tem ar de épico, com um vocoder a atrelar sílabas em solavancos, anunciando algo que não tem absolutamente nada a ver com o resto da canção. Cai depois em vertigem para o que de mais próximo existe aqui de um refrão (na verdade, ou não existe refrão nenhum ou existem vários), uma implosão com girl talk ao estilo de girl groups antepassados como as Shangri-Las. Parecem também ter feito uso de jingles que ainda estão no consciente colectivo como os "no no no" de Amy Winehouse (aqui em versão cheeky à la Betty Boo) ou os desdobramentos silábicos de "Umbrella" de Rihanna (encarnados nos "yeah-eah-eah").

A longo prazo não se sabe quão alienantes serão estas justaposições caóticas. Na verdade não fazem grande sentido, mas estão em correspondência com a era da hiperactividade, da hipertensão, dos hipermercados e das hiperligações.

Um comentário:

Spaceboy disse...

Em comparação, gosto mais do "About You Now" das Sugababes.