bertine zetlitz - ashamed

Não deixa de ser um gesto bastante terno que o best of de Bertine Zetlitz tenha como single de avanço uma canção sobre a sua filha de 11 meses. Não deixa também de ser um pouco bizarro que tenha um título como "Ashamed". Mas, tratando-se de Bertine Zetlitz, este tipo de estranheza já se tornou normal. O tema regressa à época declaradamente electro-pop de Sweet Injections (quando trabalhava com Richard X ou Howie B), mas mantém a voz como a sua verdadeira arma, chamando múltiplas Bertines para o refrão e com uma melancolia cicatrizada na voz que de forma alguma soa enfadonha ou débil. Na letra alinha uma série de interrogações sobre o seu papel de mãe, nomeadamente sobre o medo de não conseguir proteger a filha ("how're you gonna fall asleep at night / knowing that you never taught her how to fight?") ou o medo de a proteger demasiado ("if I love you twice as much / you probably won't stay in touch"). Não chega a arrepender-se de a ter trazido a este mundo, mas por várias vezes duvida se lhe poderá dar o necessário para que ela sobreviva neste mundo.

usher ft ludacris - dat girl right there

portanto, usher e rich harrison reencontram-se para pôr em prática o que eu queria que a 'put that on everything' fosse e o resultado é tipo uma versão ainda mais fragmentada e corrosiva de 'wonder woman' do trey songz. nem sei se gosto disto ou o que irei pensar quando o factor omgwtf não estiver no caminho da perspectiva crítica, mas por agora não posso senão admirar a sua audácia.

young steff ft freeway & peedi crakk – put that on everything

young steff é um proto-chris brown que há uns anos teve uma música com acordeões e os young gunz. aos primeiros segundos de ‘put that on everything’, a ideia de rich harrison parece ser levar ‘get right’ de j-lo à sua conclusão lógica e colocar um alarme de carro a disparar por cima da música. acaba por não ser assim e depressa se cai numa típica rotina richcraft com esse efeito a reaparecer esporadicamente, mas com rappers e um gajo rnb em vez da amerie (talvez para compensar o facto de usher não ter ficado com ‘get right’). é bom na mesma e adoro o fim do verso do peedi crakk: i put that on my life *mwah*.

jessi malay ft yung joc – booty bangs

‘booty bangs’ concretiza o que a ainda inútil ‘so sick’ de natasha gostava de ser. jessi malay partilha com natasha uma voz tão fraca que quase não existe, mas consegue tirar partido disso. no meio de uma arquitectura sonora mais ou menos aparentada a ‘buttons’ das pcd, a mediação electrónica da voz de uma forma que esta quase se dissolve nos sintetizadores é um óptimo truque. e ao contrário de natasha, jessi consegue sacar uma atitude de teen petulante mais ou menos credível, o que torna linhas como one look at my hair and they ask ‘is it vidal sassoon?’ ainda mais engraçadas. não tinha reparado que o yung joc agora queria ser o ludacris, mas sempre é melhor do que usar o flow da ‘it’s going down’ em todos os cameos.